Quando iniciei minhas pesquisas acerca da medicina tribal, e mais a nómada, escutei “o que era o é, sempre”, do meu pai João, escritor e historiador. A frase passou a ser o lema nas minhas caminhadas pelo mundo, enquanto médica e fotógrafa.
Do artesanato à “(…) nanotecnologia passando pela cibernética noeticamente aplicada” (frase da amiga e física Joana d´Almeida y Piñon: Houston-USA, 2019), percebi que a medicina é como os ramos têxtil e gráfico, quero dizer, ofícios ancestrais cuja história nos ensina a viver em construção permanente.
E isto não é alquimia, porque “o amanhã já nos chega no hoje, que nos veio do ontem” (como ensina o editor-conferencista Barcellos). Por isso, temos uma ancestralidade (vejo-a, sinto-a, quando entro nas tribos dos desertos como médica, ou como pesquisadora), e ela nos é social em primeiro acto, e é “arte civilizatória que pela ciência nos dá tecnologias de aplicação em diversos ramos” (Piñon, idem).
É este humanismo que se deve observar no campo crítico (inicio agora trabalhos para doutoramento em ´humanismo crítico´), pois, e é óptimo, perceber que “(…) seja na vivência analógica ou na digital, expressamos sentimentos pessoais e colectivos em cada acto/passo (histórias familiares e empresariais) a abranger todos os ofícios…” (Barcellos, idem); e lembro que “cada ofício tem lastro de evolução com praxe própria (o saber de experiência feito)”, como gosta de dizer o meu pai João. Essa praxe evoluciona em metamorfoses entre invenções, e eis o caso da Indústria 4.0, uma vez que a robotização (automação) digital não impede o artesanato, moderniza-o a aplicar essa atividade em linguagem cibernética: não interessa a máquina em se que se escreve um texto ou se imprime uma estampa, ou se dá ciência médica, interessa que no meio da parafernália digital está o esboço/foco de ferramentas ancestrais.
Eis “o que era o é, sempre”, principalmente entre as comunicações social e visual.
LIFFEY, Johanne | Médica, Poeta e Fotografa, editora do HighTeck Journal. Bagdad/Iraque, 2023.