Cris Jordão
p/ Viu i Art (Barcelona)
e jCorpus (Brasil), 2022
A ciência de obter
e publicar noticiário tecnológico
não é segredo, é uma profissão
que exige saberes lítero-historiográficos
e a capacidade jornalística para se entender
que entre a máquina e a pessoa existe
uma civilização em curso…
Eis o início da conversa com o editor/historiador João Barcellos, fundador, entre outras, das revistas Impressão & Cores [2007], jCorpus [iniciado em 1994 e refundado em 1999], co-fundador dos jornais Treze Listras / TzL [1989] e O Serigráfico [1996], co-fundador da agêngia Koty Marketing Digital [2019] e do Grupo de Debates Noética [1996], membro e correspondente para as Américas do Centro de Estudos do Humanismo Crítico / CEHC [dirigido pelo filósofo Manuel Reis, em Guimarães-Portugal]
Olha, a primeira vez que conversei com o professor Soares Amora (uma indicação do amigo e mestre Aziz Ab´Sáber, e vizinho na Acutia guarani) foi na TV Cultura, na Sampa, e escutei dele uma lição: “Você é um jovem com muito material publicado, e bom, mas deixe-me lembrar que ser historiador e jornalista é preparar lições para o nosso dia a dia e para as gerações que virão ao encontro da memória que registramos hoje. E esse jornal que faz com o Paioli – o Treze Listras, é um trabalho que vai ser buscado lá na frente pelo que li até agora…”. E sabes?, nunca esqueci aquele abraço de pessoa que nunca se envergonha de se anunciar ´professor´ seja lá onde for.
Estamos em 2022, o ano que após a forte pandemia ´Covid 19´ abriu as portas aos mercados e já com a novidade de se interagir industrialmente com as plataformas da rede de computadores… (e eu, tento entrevistar o historiador, escritor, jornalista e conferencista João Barcellos do mesmo jeito que ele o faz)… Ai, ai, minha cara, agora estamos na era da programação de trabalhos gráficos e têxteis (principalmente estampas) a utilizar o telefone-computador; pois é, pode-se operar um trabalho de estamparia, por exemplo, na plataforma instagram, e enviá-lo para uma oficina onde imprimem tudo a contento, o que se pode chamar de gráfica digital e têxtil digital…, ou, como fala o Felipe Sanchez, do Grupo Bloom,
“o nosso amanhã é
o hoje instagramável”.
Ora pois, essa afirmação diz tudo da evolução nanotecnológica que foi das tintas e outros insumos ao maquinário e faz do telefone um instrumento computacional que amplia a velha Facção têxtil, isto é, de casa, qualquer pessoa entendida em gravura e estampa pode empreender industrialmente, algo que eu debati anos atrás, acerca da plataforma whatsapp, tanto na Fespa Brasil (da AP&S) quanto na Signs Nordeste (da FCEM), quando ainda a visão industrial no modo 4.0 era restrita a grandes corporações multinacionais, mas que então prometiam trabalhos programáveis tendo o telefone-computador como meio de acesso empresarial.
Quando fotografei o ´dj´ que operava também o ´instagram têxtil´, lá na ´Bloom´, lembrei as palavras do professor Soares Amora, e pensei:
a imprensa tecnológica é o registro e
é a memória da arte
e da indústria em que evoluímos cientificamente.
Escutar isto de alguém como João Barcellos é como escutar a história sendo feita, aqui e agora. Ao ver a foto que ele registrou do ´conceito instagramável´ percebi “a validade do jornalismo tecnológico engajado à engenharia e às ciências”, uma frase que ele escreveu no quadro negro junto a um “macacão d´engenheiro” em palestras para estudantes de jornalismo, no Rio e em Sorocaba, em 2015. E continuei…
Você fala muito da importância da siderurgia instalada no Morro Araçoiaba, no Século XVI, e do têxtil doméstico, como marcos do Brasil em progresso para liberdade e a nação, apesar da colonização. E hoje?… Olha, minha cara, quando fotografei o ´conceito instagramável´ (talvez não ´o conceito´, mas a operação em si), falei para o Georg Hans, meu sócio na Koty, a agência: “este conceito eletroeletrônico webizado (produção têxtil à distância) é a continuidade dos engenhos/fornos de ferro do Affonso Sardinha, o Velho. Na verdade, é o ontem que hoje se renova noeticamente pelos processos industriais, de casa em casa, de usina em usina”. E olha, Cris, assistimos a tudo isto em cada feira tecnológica que reportamos, mensagens que levamos ao mundo que vivemos e ao que vem.
Não quis continuar a entrevista. Falar com João Barcellos é escrever um livro. E, em poucas palavras, o escritor-historiador colocou-me no epicentro intelectual do verdadeiro jornalismo: “o saber pelo qual somos humanidade”, como ele costuma dizer a parafrasear o amigo e filósofo Manuel Reis.