O que em mim
O viço exibe d´alma?
Ora, ora, tudo em minh´alma
É íntima e têxtil estampa
A se dizer, florescer. Ai de mim
Se não sei deste viço que enche
Minh´alma!
- C. Macedo
(Serra do Gerês / Portugal, 1971)
Encontrei o viço, do qual canta o poeta e escritor J. C. Macedo, entre as tribos da velha Pérsia e a dos turcos nómades que fizeram o império Otomano, em minhas pesquisas médicas na Península Anatoliana com o objectivo de ´iluminar a acção alquímica que nos legou tanta indústria e arte´, e quero incluir em mais uma tese académica.
As mulheres turcas capturaram no “formidável jardim telúrico cosmicamente criado a essência da cor a ser impressa” [João Barcellos: palestra, jornal ´O Serigráfico´, Cotia-Brasil, 1998; e revista ´Impressão & Cores´, 2014], uma essência tão fulgurante que já “os chineses haviam experimentado na transferência da sensação iridescente para suportes como tecido e papel” [idem].
A busca pelo belo que floresce e vivifica a nossa alma [= ´bloom´] é também o exercício alquímico têxtil e gráfico em viço [= ´bloomy´] que encanta e ilumina o nosso quotidiano tão carente de ópticas humanizantes.
Tanto “na área têxtil como na área gráfica da estamparia encontramos hoje empresas que utilizam o termo inglês ´bloom´, com o qual se identificam nos respectivos mercados, e é bom saber que assim se re-ligam industrialmente à natureza cósmica” [Barcellos: na feira ´Febratex´; Blumenau-Brasil, 2022]. É verdade, é bom saber que o conceito de baixo carbono na actividade industrial têxtil e gráfica é uma sensação ´bloom´ que nos deixa respirar melhor a vida.
Obs.: no português anterior ao ´acordo´ ortográfico
LIFFEY, Johanne | Médica e Fotógrafa
Península Anatoliana, 2023