Entre 31 de outubro e 4 de novembro realizou-se o Congresso Nacional de Tecnologia Têxtil, de Confecção e de Moda, nas instalações da UNIFEBE, em Brusque (Santa Catarina / Brasil).
Além da celebração dos 60 Anos da ABTT, participantes elegeram a nova Diretoria e discutiram o Brasil enquanto uma das maiores cadeias de produção do mundo têxtil e os rumos dos segmentos ali agregados. O congresso foi montado pela ABTT com o tema centrado em Sustentabilidade Da Indústria 4.0 Na Direção Da Economia Circular e, nos tempos de correm no Brasil e no mundo, Rosemari Glatz, reitora da UNIFEB, aproveitou o momento para expor o ´dna´ têxtil do povo brusquense e, atualíssima, como deve ser uma docente universitária, sublinhou que a universidade deve ser o centro da disseminação de saberes técnico-científicos para o progresso das sociedades. Era o tom socioeducacional que a ABTT queria para marcar o seu congresso de celebrações.
Brusque e o Congresso ABTT
Algo une ancestralmente o Piabiyu no seu percurso inca-guarani, entre o Andes e os certõens y mattos da Serra do Mar: o jeito de fiar fibras naturais e catar algodão silvestre. Percebe-se isso ente os cerros Ibituruna catarinense, paulista e mineiro, que foram Akuti´as (acutias, do guarani, q.s. pontos d´encontro) das gentes nativas em migração antes da chegada dos portugueses de serr´acima, via Paranapiacaba e Cubatão. E logo, no caso sul e após os Casais Açorianos, que colonizaram Ilha do Desterro (hoje, Santa Catarina) e fundaram o Porto dos Casais (hoje, Porto Alegre) chegou a gente de cultura germânica com saberes tecnológicos (Brusque e Blumenau) na área têxtil e, depois, os estadunidenses que levantaram Americana no sudeste.
E ali, em uma região banhada pelo rio Itajaí-Mirim (do guarani, q.s. ´pedra pequena da mãe-d´água´), que alimentava em ambas as margens os nativos Botocudos (Xokleng, Kaingangs, Ibiturunas e etc.), além de Guaranis, gente guardiã do Piabiyu (ou ´Peabiru´, na fala dos colonos), os colonos europeus cataram experiências de sobrevivências às quais se adaptaram, social e tecnologicamente (da cerâmica e pinturas à fiação de fibras, além da plantação de alimentos). Se na região serrana surgiu Blumenau a dizer de novos tempos comunitários, lá no vale, gente germânica aproveitou a excelência das margens do Itajaí e levantou nova comunidade – a Colônia Itajahí – e uma indústria têxtil, coordenada pelo aristocrata e engenheiro Schneeborg, em 1860, mas o seu nome não foi dado à comunidade, e sim o Brusque (Francisco Carlos de Araújo Brusque), do ministro imperial de várias pastas e governador da Província de Santa Catarina que, aliás, acompanhou o assentamento de Itajahy.
Em tal contexto geossocial e historiográfico, deve-se acompanhar a mensagem de Rita Cassia Conti, presidente da Associação Empresarial de Brusque – ACIBr, convidada a presidir o Congresso ABTT 2022, que enfatizou a importância de Brusque para o congresso de especialistas têxteis: “A nossa região conta com toda a cadeia para a produção têxtil –, não produzimos algodão, mas operamos a indústria da fiação à peça final”.
Essa fala diz tudo sobre a Brusque Têxtil, na qual a ABTT celebrou os seus 60 Anos como entidade a representar os técnicos e técnicas têxteis do Brasil, e o faz com mérito e honra.